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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

À TARDE...




à tarde
há homens velhos
pousados em mesas de granito
por baixo da árvore tão gasta
como eles,
baralhando ouros e paus
dando copas e espadas.

à tarde
há homens velhos
que em imenso bluf
vão enganando o tempo
e os seus gastos alicerces.

à tarde
há homens velhos
que inventam trunfos
para dourar os dias
riscando no papel
traço a traço
as suas poucas alegrias.

à tarde
há homens velhos…
à tarde
há homens…
à tarde
há velhos…
à tarde
há…
tarde…


eduardo roseira
VNGaia
27-dez-2011

Imagem: sapo.pt

INSTRUÇÕES PARA UM PAÍS...

domingo, 25 de dezembro de 2011

ORAÇÃO...


para agradar à educadora infantil…
bajulemos irmãos.
para agradar ao senhor padre e à catequista…
bajulemos irmãos.
para ser chefe dos escuteiros…
bajulemos irmãos.
para obter as melhores notas…
bajulemos irmãos.
para ser chefe de turma…
bajulemos irmãos.
para liderar a juventude partidária…
bajulemos irmãos.
para arranjar emprego…
bajulemos irmãos.
para agradar ao chefe…
bajulemos irmãos.
para atingir o lugar do chefe…
bajulemos irmãos.
para agradar ao sogro rico…
bajulemos irmãos.
para obter os agrados da amante…
bajulemos irmãos.
…e também da amada esposa…
bajulemos irmãos.
para ser vereador…
bajulemos irmãos.
para ir para deputado…
bajulemos irmãos.
…e também para euro-deputado…
bajulemos irmãos.
para liderar o partido…
bajulemos irmãos.
para chefiar o governo…
bajulemos irmãos.
para ser administrador da cgd…
bajulemos irmãos.
para ser presidente  da república…
bajulemos irmãos.
…ou na pior das hipóteses, líder da união europeia…
bajulemos irmãos.
…ou da onu…
bajulemos irmãos.
para assim que alcançado o topo dos nossos interesses,
poder dizer-vos sinceramente que em todos vós…
cagaremos irmãos!

eduardo roseira
VNGaia - 24dezembro2011

Imagem: sapo.pt

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

RIMAS SACÂNICAS

Neste pedaço à beira mar entalado,
vive um povo de massa pouca.
País de futuro sempre adiado
e de mandantes com cérebro de vaca louca.

Terra de lusos costumes perdidos,
em troca de modas europeístas.
Os pobres estão cada vez mais lixados,
por culpa dos novos golpistas.

O dinheiro é tão pouco, tão pouco,
Que mal dá p’rá bucha de pão.
Quem não se desenrasca, dá em louco,
ou acaba a fazer hamburguer’s do cão.

Democracia sem rei, nem roque,
onde o Presidente vai a festas reais.
Há já mesmo até quem troque,
a casaca aos novos ideais.

Os polícias vão p’rá prisão.
Os ladrões passeiam na rua.
É enorme a confusão.
A democracia vai nua.

A Deus, o povo suplica,
numa sentida prece.
Porque o governo multiplica
a taxa do I.R.S..

Engorda a entidade patronal,
enquanto o “Zé” continua mal.
Alimenta-se a central sindical,
com mais uma greve geral.

Abril deu-nos a democracia.
Agora querem a regionalização.
É ver quem mais se avia,
a ocupar os tachos desta Nação.

Juntinhos para todo o sempre,
andam os “boys” desta Nação.
Assim haja “job’s” p’ra toda a gente,
pois não lhes falta bajulação.

Assim são os “boys” da Nação,

a pedir “job’s” para todos.
Pouco lhes importa a corrupção,
assim corra a “massa” a rodos.

Vai nú, o rei Cavaco,
neste País sem roque.
Mal se ganha p’ró tabaco
e da caixa não sai toque.

È geral a confusão,
graças à democracia.
É tanta a corrupção,
nesta Cleptocracia.

Eduardo Roseira
        23-11-11

Imagem: sapo.pt

domingo, 23 de outubro de 2011

AS MINHAS PÁTRIAS...

nasci em portugal mas são seis as minhas pátrias:

I
bonfim, do porto coração, pátria da minha infância e do meu ser;
II
beira, moçambique, áfrica, pátria do meu amanhecer para a vida e da minha construção humana;
III
mirandela, pátria do meu renascer…;
IV
vila nova de milfontes, pátria do ressurgir de nova aurora;
V
florença, pátria dos meus sonhos de poeta;
VI
rio douro, pátria de todas as minhas pátrias, lugar/escolha do meu repouso final.

eduardo roseira

Imagem: sapo.pt

sábado, 15 de outubro de 2011

AO RIO QUE NÃO CONSIGO VER

                                                             
Desce o nevoeiro sobre o rio,
qual olhar toldado pelo pranto,
queda-se em minh'alma este vazio
da azul ausência do teu manto.

Vanda Sôlho, (Setúbal)
In: "Poemas para ti"
Chiado Editora, 2011

Fotografia de: eduardo roseira

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

ORÇAMENTO DE ESTADO

...é tão grande o apertar
que o estômago já não sinto
resta-me no pescoço colocar
este meu velho e negro cinto.


eduardo roseira


Fotografia de: José Mário Roseira

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

FUSÃO DE LOUCURAS

afogo-me
na doçura
do teu beijo      sedução

enforco-me
na força suave
do teu abraço      emoção

encontro-me
no brilho s. o. s.
dos teus olhos      perdição

enlouqueço
em doces tonturas
de anseio
duma fusão
das nossas loucuras...

eduardo roseira

Imagem: sapo.pt

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

PERDIDO...

do alimento    pão
só um naco

como aconchego
o relento    frio

como vestes    agasalho
apenas um trapo

nas mãos    bagagem
um saco cheio de    vazio

voga sem leste
nem norte
qual navio sem rumo

a esperança
em si já não mora

perdido...
sem sol, nem aprumo
a caminho da má sorte
a fé ignora
por falta de pão
e ausência de nova aurora.

eduardo roseira

Imagem: Foto de eduardo roseira

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

PASSAGEM DE (des)NÍVEL

vai no carro
último modelo
elegante
porte fino
bem vestida
apresentável
parecia a caminho
de um desfile de moda.
...de repente
ao telemóvel desatenta,
bate no da frente
e foge-lhe a boca
p'ró vernáculo
tão em voga.
dizendo-se com pressa
...talvez...
por ter que ir fazer
uma passagem de...
des...nível!

eduardo roseira
Nota: um retrato da vida real
Imagem: "Street Art", foto de eduardo roseira

domingo, 2 de outubro de 2011

ANSEIO

...de madrugada
em madrugada
anseio nova canção
que anuncie
outra alvorada
de libertação...

eduardo roseira

Imagem: sapo.pt

sábado, 1 de outubro de 2011

As janelas da casa



À Maria de Lourdes dos Anjos


a tua poesia 
é uma casa com janelas
abertas noite e dia.

uma janela para a amizade
outra para a alegria
mais uma para a solidariedade.
por outra espreitam os sonhos dos meninos
outra é a do amor
há também uma especial
para os sorrisos dos velhinhos
tem a janela da esperança
e a da liberdade.

a tua casa/poesia
tem uma grande varanda
cuja vista todos encanta
ela mostra o teu tesouro
- o nosso porto
que nos contas em poéticas palavras/imagem
com a tua voz d’ouro.

eduardo roseira
Porto
1 de outubro de 2011
                                                            





NOTA: Desenho de eduardo roseira, feito em “paint”

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

NUNCA...



nunca fui "...ista"
nem tão pouco
me guiei por "...ismos"
sou ave que sempre reneguei
a envenenada "alpista"

das "modas" me alhe-ei
nunca quis o "in"
e muito menos o "dependente"
construí a liberdade
dentro de mim
de modo livre,
solidário
e independente...
aceitando todos os pensares,
epítetos e custos,
por me querer solitário - eu!

...sempre a sorrir
dos "cegos" - injustos
dos quais nunca aceitei
o que me prometiam...

...e já era meu!


eduardo roseira

Imagem: sapo.pt