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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

NUNCA...



nunca fui "...ista"
nem tão pouco
me guiei por "...ismos"
sou ave que sempre reneguei
a envenenada "alpista"

das "modas" me alhe-ei
nunca quis o "in"
e muito menos o "dependente"
construí a liberdade
dentro de mim
de modo livre,
solidário
e independente...
aceitando todos os pensares,
epítetos e custos,
por me querer solitário - eu!

...sempre a sorrir
dos "cegos" - injustos
dos quais nunca aceitei
o que me prometiam...

...e já era meu!


eduardo roseira

Imagem: sapo.pt

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

EU SOU O BOND, O EUROBOND


- Truz…truz.. – “ Abre a porta, não tenhas medo! Eu venho para ajudar os que precisam como tu, em nome da solidariedade europeia!...Confia em mim!”

Eu, país, acreditando nos comuns e solidários, abri a porta e aceitei a ajuda, porque queria dar aos meus o futuro de prosperidade e crescimento. Dar-lhes o progresso e o bem estar que eu nunca tive.
Depois deram-me um bonito cartão de crédito, dos Gold, ao qual sem eu pedir, foram aumentando o plafond, até que um belo (?) dia, mesmo sem fraque e sem bater à porta, ou pedir licença, entraram-me dentro de casa e disseram-me que: “ Acabou, já não damos mais ajuda! Tens que pagar tudo, e rapidinho, senão mandamos chamar o Bond.” (?)

Como eu, país, não tinha o que me pediam, assim de um dia para o outro, disseram-me que não havia problema, pois emprestavam-me mais uns cobres para eu dar de comer aos meus e ir atenuando os juros da divida, adiantando que o faziam na melhor atitude solidária, só com uns jurozitos na ordem dos 95%!!!
Entre a espada e o cofre… vazio, lá aceitei.

Afinal a ajuda não passou de uma esmola dada com uma mão fechada e a outra a fazer figas atrás das costas, por um grupo de agiotas da pior espécie, que em simultâneo com os empréstimos me iam impingindo os carros que fabricam, os velhos autocarros que já não usam, o material de guerra que fabricam, com submarinos incluídos e tudo o mais…e também por via disso, foi um acumular de juro sobre juro para eu pagar e os solidários a amealhar lucros, muitos lucros para novas solidariedades.

Como se não me bastasse, ameaçaram-me de novo com o Bond!? – dizendo-me que não era nenhum agente secreto, era o Eurobond, que vinha aí e nacionalizava-me a divida e mesmo até o país.

Razão tinha o meu avô ao avisar: “- Tem cuidado rapaz, se te oferecerem um presunto, é porque te vão exigir um porco!” – realmente ao lembrar-me deste ditado, perante a calamitosa situação a que levaram o país, temo que mais dia, menos dia, me nacionalizem e apareçam de novo á porta com uma qualquer bandeira na mão dizendo:
“ – Eu sou o Bond, o Eurobond!...”

Eduardo Roseira

Imagem: sapo.pt

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

"PIGS" E PECADORES

Com toda a sinceridade vos digo que não fiquei nada surpreendido com a ideia do comissário europeu para a energia, o alemão Guenther Oettinger, companheiro de partido (e sabe-se lá mais do quê?) da “rainha da Europa” dona Merkel, quando em entrevista ao “Bild” avançou com a proposta de “castigar” os países com excesso de défice, com a: “colocação das bandeiras a meia haste nas fachadas dos edifícios comunitários”.

Assim como não me admirei com tão “iluminada” proposta, também não estranho que nenhum eurodeputado português ou responsável governativo, não tomem qualquer posição sobre a referida proposta. Até porque, se quando a Comunidade Europeia achou por bem (?) designar o grupo de países europeus devedores (Portugal, Itália, Grécia e Espanha) por porcos, ou seja, de PIGS, nenhum dos representantes e governantes lusos se importou com tal designação, nem mesmo (não é de pasmar) o português, Durão Barroso, presidente da referida Comissão.

Perante tal já não me admira este tipo de tomadas de posição a roçar o achincalho e desrespeitosas, vindas dos que se julgam reis, donos e senhores dos países que eles consideram menores, e que no caso de Portugal, tal como outros parceiros de grupo dos endividados, tem história de séculos que merece um mínimo de respeito, por parte dos seus parceiros de uma europa comum e solidária (?), os quais antes de falarem deveriam olhar para a sua própria história.

Para além de ficar sentido com tais desagravos feitos ao nosso País, os mesmos põe-me a pensar seriamente no que pode estar por detrás destes “pequenos” ataques a “países pecadores”….

A finalizar não resisto a citar o Manuel António Pina, que na sua crónica “Por outras palavras”, do JN de hoje (12/9/11), termina assim: “….A religião da usura evoca hoje perigosamente pecados mortais (que só Oettinger parece ter esquecido) da Alemanha pelos quais a sua bandeira haveria que ficar a meia haste durante muitos séculos”!

eduardo roseira

Imagem: sapo.pt