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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

NAS MARGENS DA NOITE




acorda a noite
a cidade adormece
o rio aquietasse
nas suas margens
os barcos abraçam-se
ao cais

na estreiteza da viela
o brilhar frio
da lâmina
duma manhosa naifa
aguarda o próximo
tardio

nas ruínas da casa
soltam-se perfumes
que endoidecem
um casal
envolto em fumos
herbáceos

na tasca
contabilizam-se calotes
entre a garrafa e a viola
que em desafinada desgarrada
são eco dum fado
solitário que esmola

nalguns lares tremelicam
luzes que alumiam
o caldo e o pão pouco
o amor…
ficou nas amarguras
da velha porta

nas margens da noite
o pouco e o vazio
já não estranham
nem de nada importam…
talvez seja por isso,
que à noite…nem...

...as gaivotas cantam!!!!


eduardo roseira

(Imagem: sapo.pt)

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