Em memória do Poeta Fernando Pinto Ribeiro
N. - Guarda - 1928
F. - Lisboa - 20/2/2009
NOITES PERDIDAS
Ao António Mourão
Noites perdidas no sonho
em que morrendo suponho
que vale a pena viver
Noites em que eu me encontrei
tão perdido que me achei
sem sequer me conhecer
Noites de bruma e de breu
em que eu deixei de ser eu
para ser quem sou agora
Noites de luta sangrenta
da treva que me alimenta
com a luz que me devora
Noites das tardas vielas
na solidão das janelas
olhando o mar e a lua
Noites de fogo e de frio
que me inundam como um rio
a transbordar pela rua
Noites do amor feito crime
que me condena e redime
do pecado de viver
Noites em que eu me encontrei
tão perdido que já sei
que vale a pena morrer.
Fernando Pinto Ribeiro
In: “Viola Delta XXVII – Poemas sobre Lisboa”,
Lisboa, 1999 – Coordenação de Fernando Grade.
(versão alterada em 2002, em manuscrito enviado
para publicação no “lavra… Boletim de Poesia”)
Dois poemas que lhe foram dedicados no site “Tributo a Fernando Pinto Ribeiro”
MORREU!
O Poeta morreu.
O Homem
deixou que a vida se fosse
e a morte
oportuna
oportunista
tomou lugar.
O Poeta foi
mas deixou lugar marcado
cativo, o lugar
de ficar aqui
A morte até pode tê-lo feito ir embora
pode
a morte só não nos obriga
a esquecer que neste lugar
aqui
com as palavras que foram as suas
fica o Poeta que não morre!...
Belmira Alves Besuga
Montemor-o-Novo
In: fernandopintoribeiro.no.comunidades.net
ninguém apaga as letras
o suor escrito
o pensamento despido
nu
eis que o poeta parte: desta vez
não podemos ir com ele
aprender a dividir ponto e vírgula; da próxima
vez
esperará por nós na estação do Eu:
afinal o poeta nunca morreu!
luís nogueira
VNGaia
In: fernandopintoribeiro.no.comunidades.net
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