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quinta-feira, 7 de maio de 2009

do sono

sono, muito sono
quantas horas? despertas
as madrugadas que não voltam
nem as asas de um qualquer desespero
teus nervos a sofrer um ataque
dissimulado
esperas, aguardas, submetes-te ao odor do frio



já tens medo da noite?
ao redor das colinas, nas sebes
o Outono sobe, rebelde
assistes ao parto do silêncio:
sei, algo morreu primeiro
do teu gemido já só sabes o gesto!



do sono perdeste a memória
o ranho do sonho explode longe
donde não podes ouvir sequer a sombra
arromba
os trajes com que vestes o mundo que não existe
escava
fundo, finda, funda alma
cansa
cala
teu silêncio



não ouves
um bater de folhas
a bofetada do vento
a rábula do tempo
incerto devoras
as horas
vislumbras as raízes da madrugada
sei, algo nasceu ao mesmo tempo
que a morte do sono
teu



estranha fome a tua
tens a vaga
porque desejas o mar?



luís nogueira
7 de Maio de 2009

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