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domingo, 28 de fevereiro de 2010

DE TANTO TE AMAR

tremem-me as mãos,
quando te afago o rosto.
tremem-me os lábios,
quando beijo os teus.
tremem-me os olhos,
quando os fixo, nos teus a brilhar.
treme-me o corpo
quando me estreitas num abraço.

tudo me treme,
quando junto a ti estou.
tudo, menos a alma
e o meu coração,
onde guardo este imenso amor,
que tenho por ti.

e quando me perguntas,
porque tremo?
suspendo o meu falar,
sorrio e digo-te:
- não sei?!

engano-te!
pois as minhas tremuras,
são apenas ternuras,
de tanto te amar!



eduardo roseira

sábado, 27 de fevereiro de 2010

PARTITURA

chegas...
como música.
teu olhar – batuta
comanda todos os instantes – andamentos.

permaneces...
nota a nota
em suaves movimentos – melodia.

tua suave voz – canto
é composição
que permanece doce – musical.

és partitura de encanto.



eduardo roseira

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

EU

preso,
mas desprendido.
de sentir
pleno
e baú vazio.
com beira,
mas eternamente
vadio.
acorrentado,
mas livre!

sou eu!
porque sem medo
da liberdade
que comigo nasceu.

 
 
eduardo roseira

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

DE MÃOS ABERTAS



de mãos abertas
entreguei-me a ti
de corpo inteiro
e alma límpida.

apenas lamento
ter nas minhas
mãos abertas
um deserto
para te dar.

… e tu ensinaste-me
o verbo amar!


eduardo roseira

(imagem: sapo.pt)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

FOI...

foi do nordeste
que soprando
o vento
soletrou o teu nome.

foi do sul
que o vento
me empurrou
até norte
levando-me a uma
terra quente
e de sorte.

foi amor
que reciclou
a minha vida
curando a dor
duma alma
ferida.

foi o vento…
foi o amor…
foi…

- foste tu
meu amor!
minha vida!

eduardo roseira

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

...o poema escrever...

o poema escrever…
como quem esculpe a pedra
talha a madeira
borda o tule.

o poema sentir…
como quem pinta um quadro
molda o barro
tece o linho...

… e assim
palavra a palavra
com a pena
no papel cerzir
letra a letra
o poema…

eduardo roseira

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

...é redondamente...

...é redondamente

espantoso
o estado deste
circulo vicioso

...que silenciosamente
falado
se transformou
em circuito viciado...

eduardo roseira

domingo, 21 de fevereiro de 2010

(ar)RISCAR

(ar)riscar o poema

abrir a palavra ao mundo
partilhar a pena…

eduardo roseira
In: "ao ritmo da lua",
a publicar

sábado, 20 de fevereiro de 2010

FERNANDO PINTO RIBEIRO - Um ano de saudade

Em memória do Poeta Fernando Pinto Ribeiro
N. - Guarda - 1928
F. - Lisboa -  20/2/2009



NOITES PERDIDAS


                       Ao António Mourão


Noites perdidas no sonho
em que morrendo suponho
que vale a pena viver
Noites em que eu me encontrei
tão perdido que me achei
sem sequer me conhecer

Noites de bruma e de breu
em que eu deixei de ser eu
para ser quem sou agora
Noites de luta sangrenta
da treva que me alimenta
com a luz que me devora

Noites das tardas vielas
na solidão das janelas
olhando o mar e a lua
Noites de fogo e de frio
que me inundam como um rio
a transbordar pela rua

Noites do amor feito crime
que me condena e redime
do pecado de viver
Noites em que eu me encontrei
tão perdido que já sei
que vale a pena morrer.

Fernando Pinto Ribeiro
In: “Viola Delta XXVII – Poemas sobre Lisboa”,
Lisboa, 1999 – Coordenação de Fernando Grade.
(versão alterada em 2002, em manuscrito enviado
para publicação no “lavra… Boletim de Poesia”)





Dois poemas que lhe foram dedicados no site “Tributo a Fernando Pinto Ribeiro”



MORREU!



O Poeta morreu.
O Homem
deixou que a vida se fosse
e a morte
oportuna
oportunista
tomou lugar.

O Poeta foi
mas deixou lugar marcado
cativo, o lugar
de ficar aqui
A morte até pode tê-lo feito ir embora
pode
a morte só não nos obriga
a esquecer que neste lugar
aqui
com as palavras que foram as suas
fica o Poeta que não morre!...


Belmira Alves Besuga
Montemor-o-Novo
In: fernandopintoribeiro.no.comunidades.net



ninguém apaga as letras
o suor escrito
o pensamento despido

nu
eis que o poeta parte: desta vez
não podemos ir com ele
aprender a dividir ponto e vírgula; da próxima
vez
esperará por nós na estação do Eu:
afinal o poeta nunca morreu!


luís nogueira
VNGaia
In: fernandopintoribeiro.no.comunidades.net

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

JÁ TEMOS CORONEL - A Censura pode estar descansada





Segundo o PGR – Procurador Geral da República, “Tentar alterar a linha editorial de Órgãos de Comunicação para não serem hostis ao Governo, não é crime de atentado ao Estado de Direito.”

Sendo assim, das duas uma, ou o referido senhor não leu o Artigo 38.º da Constituição da República, no seu n.º 4, que refere:

- “O Estado assegura a liberdade e a independência dos órgãos de comunicação social perante o poder político e o poder económico, impondo o princípio da especialidade das empresas titulares de órgãos de informação geral, tratando-as e apoiando-as de forma não discriminatória e impedindo a sua concentração, designadamente através de participações múltiplas ou cruzadas.”

Se por acaso(!) o leu, pura e simplesmente e a coberto do seu cargo, está a ignorar gravemente a Constituição da República Portuguesa.

Perante mais uma atitude de sem vergonhice, resta-me dizer que a Censura pode estar descansada, pois já temos Coronel, chama-se Pinto Monteiro.


eduardo roseira


(Imagem: sapo.pt)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

CLARAMENTE OCULTA

Começaram ontem (17/2/2010) as reuniões da Comissão de Ética, na Assembleia da República, com audições que prometem, qual pilhas “Duracel”, durar…durar…durar…, isto a ver pela quantidade de pessoas a serem ouvidas, cuja lista, ao que se noticia, ultrapassa a meia centena.


As referidas audições, primeiramente requeridas pelo PSD, para que se discuta a Liberdade de Expressão, e logo de seguida, com mais dois requerimentos, apresentados pelo PS, um para que se alargasse o tema da discussão, incluindo a realidade actual da Comunicação Social, abordando a transparência da propriedade dos Órgãos de Comunicação Social (OCS); da influência dos poderes económicos e políticos e da precariedade dos vínculos laborais. O segundo requerimento, é para que sejam ouvidos os dois jornalistas do “Público” que foram autores da notícia sobre as “Escutas a Belém”.

A meu ver estes dois requerimentos apresentados pelo PS, independentemente da importância de alguns temas, cheiram-me a encomenda para que se desviem as atenções e muito especialmente para que todas as audições se prolonguem por muito tempo, tal como já nos habituamos noutros casos…

Eu não conheço todos os nomes da listinha, mas como entendo ser dever patriótico ajudar a Comissão de Ética, quanto mais não seja para que não seja acusada de falta da mesma, dou umas dicas para aumentar a lista, ou seja, porque não chamarem jornalistas e outras entidades destes casos polemicamente noticiados, como por exemplo: - Casa Pia; Independente; Freeport; ou mesmo Camarate, quem sabe se até o caso dos Jornalistas despedidos injusta e abusivamente, das Rádios Placard, do Porto e Miramar, de Lisboa, contra um outro “Polvo” que tem vindo a crescer, com o assobiar para o lado dos nossos políticos, chamado IURD, ou mesmo até, com a interferência divina(?) destes pastores, conseguir ouvir em audiência a saudosa Dona Vera Lagoa, sobre os muitos e bem polémicos casos publicados nos Jornais “O Diabo” e “Sol”…

Assim, com esta minha ajudinha contribuo para aquilo que está mesmo à vista, e que o PS e o seu (des)Governo pretendem com o “alargamento da discussão”, que é manter o caso, discutido eternamente na Comissão de Ética, duma forma CLARAMENTE OCULTA.



eduardo roseira

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

abraçar as manhãs...


abraçar as manhãs
sorrir para as nuvens
piscar o olho ao sol
afagar o rio
falar às gaivotas

…este o acordar
natural
de todos os meus dias…

eduardo roseira
In: "ao ritmo da lua", no prelo.
 
(imagem: sapo.pt)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

...DOS CÃES...

"Conheço os cães
que ladram
ao poder"
Albano Martins, in "A Cicuta e o Mosto"


...sabemos
dos cães
que ladram
ao passar da caravana.

impávido
o poder
permanece
no cinzento
do seu trono.

Lúcio S. O. Jesus

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

VIDA DE CÃO - crónica



O dia estava de Sol que parecia brasa e penso que talvez por efeitos do imenso calor que se fazia sentir, assisti a uma cena que passo a relatar:


- Um cão a ser posto para fora de um café, aos pontapés.
De rabo entre as pernas e aos latidos o pobre animal lá foi à sua vida.

Eu, quase fiquei raivoso com o que assisti e pensei com os meus botões que se esse cão falasse, pela certa que vos dirigiria palavras como estas:

“- Eu sou o…bem, não tenho nome nenhum. Por vezes chamam-me de rafeiro ou “jeco”, outras vezes, de vira-latas e vadio. Há quem diga até, que sou cão que não conhece o seu dono.
Sim! Realmente não conheço, pois não o tenho, o que um dia pensei ter, foi de férias e nunca mais o vi, e cá para nós, dispenso muito bem alguns outros “donos” como esse, e que por aí abundam. Porque esses são piores do que eu!
Ou seja, são donos que não (re)conhecem o seu cão!

Acreditem que não me queixo da vida que levo e por vezes até me dá vontade de rir, a bom rir, com certas coisas que ouço e vejo, como por exemplo esta:

- Aqui Há uns dias atrás, passou por mim um senhor muito bem vestido e a exalar um cheiro a perfume de marca, que ao ver-me com o pelo um pouco sujo e mal arranjado, me afastou dele com duas valentes biqueiradas, ao mesmo tempo que me apelidava de porco.
- Porco? A mim que até sou cão! – Realmente eu estava sujo, mas não cheirava mal, tinha um aspecto desarranjado é certo, mas eu não tenho direito a um ossito, quanto mais a usar perfume… para disfarçar os maus ododres, nem a usar roupas para esconder a sujidade, contudo garanto-vos que sempre que encontro um riacho ou poça de água limpa onde me possa lavar, não preciso de ninguém para me ajudar a fazê-lo.

Dizem que todos precisamos de um amigo e de um companheiro fiel para nos apoiar. Mas até a isso eu acho graça e por vezes interrogo-me sobre:

- Quem é que precisa mais de quem?
- Será o cão que precisa do Homem, ou este que precisa mais do chamado “fiel amigo”?

Sobre este assunto, permitam-me dar apenas um outro exemplo:
- O cão é companheiro fiel e constante dos cegos! Em contrapartida, o que é que se faz quando este fica cego?
Pura e simplesmente, porque passa de fiel a empecilho…
- ABATE-SE!!!!
E todos nós somos, dizem, seres com direito à vida.

Eu sei que também se diz, que uns são racionais e outros irracionais. Mas, se me dão licença, também disto eu me rio. Então para uns existe o “direito” à Eutanásia e para outros é pecado, ou pior, é crime.

Bem, deixando-me de filosofias caninas e passando à realidade, quero que fiquem bem assentes estes meus desejos:

- Não quero ser um cão com nome pomposo!
- Não quero ser um cãozinho de luxo que vive cercado de mimos e mordomias!
- Não quero ser um cão amestrado, que vai a concursos por meros caprichos e vaidades do seu donos!
-Não! Eu não quero ser nada disto!
- Quero sim, que me reconheçam como cão e não como objecto descartável!
- Quero continuar a ser o vadio, o vira-latas…, enfim tudo o que me quiserem chamar!...mas por muito incrível que vos possa parecer, pouco me importa que volte a ser escorraçado dos cafés, ou que os “dignos senhores” me cumprimentem (?) à biqueirada, porque quero continuar sem nome, mas LIVRE!!!


eduardo roseira

(imagem: sapo.pt)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

JASMIM!?


conheci uma catraia,
seu nome era jasmim.
vestia sempre de saia,
nunca vira outra assim.

seu olhar, lindo de ver.
seu corpo, ai, nem falar.
logo me fizeram tremer,
em ânsia louca d’amar.

meus olhos fitaram os dela,
foi o amor que estalou.
nunca vira coisa tão bela.
tremi, quando o olho me piscou.

daí a declarar-me,
foi coisa de um instante.
com o amor, a queimar-me,
abordei-a de rompante.

disse-lhe num grito incontido:
- amo-te! sou louco por ti !
ela segredou-me ao ouvido:
- oh, filho, eu sou um travesti!!!




        Foto de: eduardo roseira

eduardo roseira

sábado, 13 de fevereiro de 2010

LÁ VAI ARTUR




lá vai artur,
lá vai
com um rolo de serpentinas
na mão.
lá vai artur,
lá vai
vestindo a fantasia,
que é o desengano
por um dia,
da máscara que usa
ao longo do ano.

lá vai artur,
lá vai
com um molho de confetis
junto ao coração.
lá vai artur,
lá vai
a caminho do salão,
levando por vontade,
a de num dia só,
tirar desforra
de 364 de ilusão.

lá vai artur,
lá vai.
cerveja e mais cerveja,
afogando as acumuladas mágoas
da luta por um lugar ao Sol,
entre intrigas
e muita, muita inveja.

lá vai artur,
lá vai
dançando ao som
das notas musicais
da “banda realidade”.
dança.
requebra.
balança.
samba após samba
entre risos,
confetis,
serpentinas
e imensa alegria.

.................................................
...até que...
raios!
a “realidade” tocou
o seu último samba.
já é dia.
que castigo.
caramba!
.................................................

lá vai artur,
lá vai.
fantasia trocada.
agora trajando
fato,
gravata
e sapato a condizer,
p’ra ninguém dizer mal
nos dias e dias
deste imenso carnaval.

lá vai artur,
lá vai........



eduardo roseira


(imagem: sapo.pt)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

OS MINISTROS À VOLTA DA GAMELA



Com os vícios que vieram do passado
os ministros vivem à grande e à francesa,
fazem viagens, passeios por todo o lado,
depressa atingem cada vez maior riqueza.
Com os lábios de dizer novos discursos
debitam frases inteiras, decoradas,
põem o povo a jogar o pau c'os ursos,
nas eleições fazem promessas descaradas.

REFRÃO

Os ministros à volta da gamela
vão aprender novas maneiras de enganar,
vão aprender como se faz uma barrela
com mais impostos para o povo se lixar.

Com os sorrisos mais bonitos da TV
dizem sempre que a vida vai melhorar,
mas a verdade é bem diferente e o que se vê
é sempre o peço das coisas a aumentar.
Carregam com impostos sobre a gente
mas sobretudo àquele que trabalha,
fogem ao fisco da forma mais indecente
mas quem se lixa, quem mais paga é a maralha.

REFRÃO

Os ministros à volta da gamela
vão aprender novas maneiras de enganar,
vão aprender como se faz uma barrela
com mais impostos para o povo se lixar.

Com palavras sempre novas, rebuscadas,
e adaptadas para os tempos actuais
vão inventando formas mais sofisticadas
para apertar-nos o cinto cada vez mais.
E nós contentes continuamos a aplaudir
e, quando chega o dia das eleições
a mesma asneira voltamos a repetir
até que um dia nos apertem os c_ _ _ _ _ _

REFRÃO

Os ministros à volta da gamela
vão aprender novas maneiras de enganar,
vão aprender como se faz uma barrela
com mais impostos para o povo se lixar.


Letra: Fernando Peixoto
Música: “ Os Meninos à Volta da Fogueira”, de Paulo de Carvalho
In: “Colecção Literatura d’ agrafo”, lavra…Editorial, VNGaia, 2004


Imagem: "Polvotachus", colagem de eduardo roseira

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

POBREZA ENVERGONHADA




“…isto é uma agonia!...
Lá em casa… as pessoas já não falam... já não riem…” – suspiro triste.

Confidenciou “Daniela”, com as lágrimas quase a saltar dos olhos castanhos, soltando um acrescento ao abafado grito…que a sua timidez e vergonha guardava desde que está no desemprego, vai para quase dois anos.

“…nós até tínhamos um bom rendimento, hoje, o que fazer com seiscentos euros por mês para quatro pessoas e casa a pagar?...”

Esta a história de “José” e “Daniela”, um casal de desempregados, após terem sido despedidos, por falência da empresa onde trabalhavam.

Ambos com cinquenta e poucos anos, com dois filhos, uma rapariga de vinte anos, estudante e um rapaz de vinte e oito anos, com um curso superior e à espera do primeiro emprego…

Este o retrato de uma das muitas situações que existem neste país… onde cada vez há mais famílias que não encontram vontade de falar e forças para sorrir.

Recuso-me a tecer quaisquer comentários, não por falta de palavras, mas sim pelo respeito que os que me lerem, merecem….


eduardo roseira

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

NORMA DE REQUERIMENTO


“Há pessoas que são autênticos requerimentos ambulantes de infelicidade.”
                                                                   Fernando Tavares

pega-se numa caneta
em forma de dedo acusador,
com a qual se escreve
num papel de vinte e cinco
rugas de amarguras,
todas as maleitas,
azares e quejandos.

depois da graça.
em relatório imenso,
seguem-se à desfilada,
num metralhar intenso
as dores que se sentem
por tudo e por nada,
a par daquelas que não as tendo...
...se consentem.

sem nada olvidar,
desfiam-se todas as dores:
- as que a custo nos põe a pensar
e as que fazem de nós, uns estupores.
- as que nos ferem a alma.
- as que nos causam transtorno.
- as que nos levam a calma
e mesmo até as dores de corno.

puxando ao sentimento,
segundo o grau de infelicidade
e inspiração de momento.
apela-se à caridade.

a finalizar, em confrangedor
choro de sofrimento.
ao primeiro que se encontre,
em tom sofredor,
pede-se deferimento.


mas, caso a sua reacção
seja de incrudelidade.
atira-se-lhes com um rotundo: - NÃO!
- olhe, que eu sou:
- um requerimento de infelicidade!!!


eduardo roseira

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

MOÇAMBIQUE



traz futuro no olhar.
no peito guarda a esperança.
seus sonhos são imenso mar,
numa alma de criança.

de figura escultural
e bela.
com uma cintura delgada,
porte senhoril
e altaneiro.

corpo bem torneado
e de elegância divinal.
plena d’encantos,
rica e amável.

simples e de riso prazenteiro
na sua face rosácea.
forte como o embondeiro.
seu perfume,
mescla de caju e acácia.

sempre “chunguila”(1) de chique!
de seu nome :
- moçambique



(1) – Bonita; linda

eduardo roseira

In: osorrisodedeus.blogspot.com


(imagem: sapo.pt)

domingo, 7 de fevereiro de 2010

AO ABOMIN(hábil...)




abomino
estes pedantes
senhores,
que tal como o cão
usa a trela,
passeiam a sua gravata,
sempre de ar risonho.
enquanto nós,
que caímos na esparrela
de ouvirmos a “cantata”
ao voto que não
conhece dono.

abomino
estas novas
reumáticas elites
do marketing da potassa.
que abusam no
discursar,
para a opinião
calar
com uma tele-mordaça.

abomino
estes hábeis
senhores,
que em “demo”…cráticas
orgias,
de forma astuta,
tornaram a liberdade
numa grotesca
e reles prostituta.


eduardo roseira

(imagem: sapo.pt)

sábado, 6 de fevereiro de 2010

"HOMO AGACHADINHUS"


este é o drama
da influência
mais os favores
que montam o trama
da nossa falência
e do adeus aos valores.
tudo em nome do santo cifrão,
a par de muita usura,
levam-nos o dinheiro,
numa imensa corrupção,
que aliada à vil censura
nos leva p'ró atoleiro.
reina assim a confusão
a par da teimosia.
roubam-nos o pão
nesta cleptocracia.
Portugal dos pequenos seres mansos
e eternamente servis.
os "zés", povo, viraram tansos,
porque perderam a cerviz.
país travestido em lodaçal,
onde os pulhíticos só dão pus.
tornando o nosso Portugal
no país do "Homo agachadinhus"!!!


eduardo roseira

(imagem: "Subservient", de Sue Wickham/sapo.pt)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

TIRO AO CALENDÁRIO



início do mês
pagar contas
com dinheiro
que não vês…

meio do mês
e eu teso
sem cheta
mais uma vez…

final do mês
pouco dinheiro
outra e…
mais uma vez…

é assim mês após mês
em verdadeiro suplício
invento o meu salário
sempre e mais uma vez
num constante exercício
de tiro ao calendário…


eduardo roseira

(Imagens: sapo.pt)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

CALHANDRICES - Agradecimento ao Ministro Jorge Lacão


Estava eu a pensar cá com os meus botões, sobre o que é que este governo, já com cem dias, nos tinha oferecido que fosse digno de ser tido como coisa boa.


Pensei…pensei e já quase a desistir, por falta de encontrar algo de bom, quando de repente ouvi o Senhor Ministro dos Assuntos Parlamentares, referindo-se à crónica de Opinião do Mário Crespo, como sendo uma “calhandrice”.

E eu já a afiar a “pena” para desancar no governo por em cem dias não ter tido nada de bom, quando graças ao Senhor Ministro, eu, e pela certa muitos milhares de portugueses, desatamos a correr para as estantes a pegar nos dicionários para procurar o significado de tal palavra.

Esta é uma das coisas mais significativas oferecida por este governo a todos os portugueses, pois aprendemos mais um termo, que vai de certeza, entrar no léxico de muitos discursos na Assembleia da República e irá também ser “esmiuçado” pelos “Gatos Fedorentos” e logo passar a ser usado, por tudo e por nada pelo Zé Povinho.

Obrigado, querido Ministro! Fui ao dicionário por causa de uma só palavra que Vossa Excelência disse, sendo você o primeiro político que com uma única palavra mexeu comigo. Mais uma vez obrigado!

Mas já agora quero partilhar com todos vós a descoberta que fiz acerca da palavra “calhandrice”. A mesma vem de “calhandra”, o mesmo que “calandra”, e o seu significado, no entendimento do Ministro Jorge Lacão, é segundo o “tira-teimas”, a seguinte: Calhandra ou Calandra – Espécie de grande Cotovia de bico forte e voo rasteiro.

É bom de ver, onde é que o senhor Jorge Lacão pretendia chegar, só que quando falou de “calhandrice”, não olhou para si e para os seus pares de governação, pois juntamente com o Primeiro Ministro José Socrates, são parte integrante da “calhandrice”, que tem sido levada a cabo por uma bem montada máquina, designada de: CALANDRA, que segundo os dicionários é, nem mais nem menos do que uma:

- Máquina própria para ALISAR, lustrar ou acetinar PAPEL e tecido.

Pelo que concluí, graças ao Senhor Ministro, que calhandeiros é o que mais abunda neste Governo, muito especialmente nas diversas atitudes que tem tomado para ALISAR o PAPEL que tem tido alguns jornalistas e meios de comunicação social.

eduardo roseira

(imagem: sapo.pt)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

CROATAS E GRAVATAS




Já todos estamos, pela negativa e pela positiva, mais ao menos informados através da Comunicação Social, dos conflitos e de alguns ecos de notícias menos tristes que nos chegam da e sobre a Croácia.

Contudo devem ser poucos os que são sabedores que foi a partir da deturpação da palavra “croata”, que resultou a palavra “gravata”.

- No século XVII muitos croatas “alugaram-se” à França como soldados mercenários. Os parisienses, não só homens como também mulheres, acharam de tão bom gosto o lenço que aqueles soldados traziam amarrado ao pescoço, que começaram também a usá-los – de linho; renda; crochet e musselina – variando-lhes o formato.

O novo acessório recebeu, em francês o nome de cravate. A palavra assumiu em inglês a forma cravat (cuja variante é neck-tie, nó de pescoço), em espanhol corbata, em italiano cravatta e em português gravata.

Voltando à Comunicação Social, pena é que de tempos a tempos, tenha que nos dar notícias sobre a Croácia, que em vez de nos contar histórias como esta, que “usa gravata”, nos dê ecos que “vestem” camuflado e morte…

eduardo roseira

(imagem: sapo.pt)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

ENTRE A CENSURA E A MANIPULAÇÃO

O “Jornal de Notícias” de hoje (1 de Fevereiro de 2010) deveria trazer numa das suas páginas a habitual crónica de opinião do Jornalista da SIC, Mário Crespo, contudo a mesma não foi publicada pois segundo a “Nota da Direcção” do referido jornal…:


“…Basicamente, no entender do director do JN o texto de Mário Crespo não era um simples texto de Opinião mas fazia referências a factos que suscitavam duas ordens de problemas: por um lado necessitavam de confirmação, de que fosse exercido o direito ao contraditório relativamente às pessoas ali citadas; por outro lado, a informação chegara a Mário Crespo por um processo que o JN habitualmente rejeita como prática noticiosa; isto é: o texto era construído a partir de informações que lhe tinham sido fornecidas por alguém que escutara uma conversa num restaurante. …”

No final desta minha crónica de opinião transcrevo com a devida vénia, a crónica de Opinião do Mário Crespo, que entretanto se demitiu, para que os leitores do “Ecos do meu Pátio” possam fazer o seu juízo.

Eu da minha parte, já andava para deixar de comprar o ”JN”, mas com esta atitude censória, e enquanto não houver mudanças no referido jornal, NUNCA mais o comprarei.

Relativamente à Nota da Direcção do “JN”, entendo a mesma como uma boa desculpa, para de certo modo ninguém poder acusar a mesma de acto de CENSURA.

Só que a meu ver, se não existiu CENSURA, houve uma coisa bem pior, que se chama de MANIPULAÇÃO. É caso para dizer, venha o diabo e escolha.

Termino, repetindo o que referi anteriormente, …a partir de hoje deixo de comprar o “Jornal de Notícias”!

E permito-me finalizar com uma frase proferida num Colóquio sobre a Censura de antes do 25/4/74, que teve lugar no Porto, no Museu da Imprensa, no dia 9 de Novembro de 1998, (já lá vão quase doze anos), da autoria de um Jornalista de referência daquele periódico, referindo-se à actualidade das atitudes de alguns jornalistas e direcções, no pós 25/4/74, e que pelos vistos continuam actuais e refinadas, disse ele:

“Pior que a censura, só a manipulação”, José Saraiva.

                                                                                                            eduardo roseira

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De seguida a crónica que foi censurada pelo JN:



“O Fim da Linha”, por Mário Crespo

Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento.

O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa.

Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal.

Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o.

Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos.

Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados.

Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre.

Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009.

O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu.

O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”.

O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”.

Foi-se o “problema” que era o Director do Público.

Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu.

Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada. "


Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado hoje (1/2/2010) no “Jornal de Notícias”.

NOTÍCIA DA PÁGINA DA INTERNET DO SEMANÁRIO “SOL”:

NO RITMO DAS PALAVRAS




Aos
dizedores, declamadores
e outros animadores da palavra.


entrar no ritmo das palavras
e sequiosamente
absorvê-las.

ouvir atentamente
o cantar
sílaba a sílaba
dos versos que dizes.

entrar no ritmo das palavras
quando em tom ternura
falas amor
e em voz tremura
dizes horror.

perceber em tudo,
até no silêncio
das tuas deixas
a mensagem
que da tua voz
emana.
e permanecer
no ritmo das palavras…


eduardo roseira

(imagem:sapo.pt)