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quinta-feira, 14 de maio de 2009

Oração

















Oremos

como Patxi Andion nos ensinou:


Pai Povo que estás na Terra

Elevados sejam os teus homens

Traguemos o teu reino

E seja feita a tua vontade

Assim na terra como no mar

O pão-nosso de cada dia

Seja ganho hoje

E perdoa-nos por termos nascido

Não permitas que perdoemos os nossos medos

E faz-nos cair na tentação da Liberdade

E livra-nos do mal da Solidão

Amen



(tradução livre de minha autoria das palavras ditas/cantadas por Patxi Andion no trecho musical Padre Pueblo)


Imagem: pintura da p. 156 do meu diário

quinta-feira, 7 de maio de 2009

do sono

sono, muito sono
quantas horas? despertas
as madrugadas que não voltam
nem as asas de um qualquer desespero
teus nervos a sofrer um ataque
dissimulado
esperas, aguardas, submetes-te ao odor do frio



já tens medo da noite?
ao redor das colinas, nas sebes
o Outono sobe, rebelde
assistes ao parto do silêncio:
sei, algo morreu primeiro
do teu gemido já só sabes o gesto!



do sono perdeste a memória
o ranho do sonho explode longe
donde não podes ouvir sequer a sombra
arromba
os trajes com que vestes o mundo que não existe
escava
fundo, finda, funda alma
cansa
cala
teu silêncio



não ouves
um bater de folhas
a bofetada do vento
a rábula do tempo
incerto devoras
as horas
vislumbras as raízes da madrugada
sei, algo nasceu ao mesmo tempo
que a morte do sono
teu



estranha fome a tua
tens a vaga
porque desejas o mar?



luís nogueira
7 de Maio de 2009

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O TIJOLO


















A

Vinícius de Moraes


anda um homem

feito besta

a dar cabo do coirão.

tijolo em cima

de tijolo

constrói mais em prédio

para o patrão.

enquanto o operário

se alimenta

com barro e pó.

o patrão usurário

enche o bucho

a lagosta e pão-de-ló.

dizer sim

a tudo o que

quer o patrão

é sua sina.

sem nunca

poder dizer não

aos que lhe

negam o pão.

e tijolo

após tijolo,

o operário prossegue

a sua construção.

lutando por

permanecer de pé,

pegando a vida

pelos cornos.

até que pelas costas,

um tiro lhe dão.

e porque deixa,

de tijolos fazer,

oferecem-lhe

como prémio

um espaço

entre meia dúzia

de tábuas.

dão-lhe enfim

descanso!

deixa de ser

escravo,

porque hirto,

gélido

e sem qualquer

préstimo

para tijolos fazer.

agora,

resta-lhe aguardar

pelo patrão

numa terra onde,

(porque iguais são)

lado a lado

ficarão eternamente

a fazer…tijolo.

eduardo roseira

1/Maio/ 2001

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