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sexta-feira, 1 de maio de 2009

O TIJOLO


















A

Vinícius de Moraes


anda um homem

feito besta

a dar cabo do coirão.

tijolo em cima

de tijolo

constrói mais em prédio

para o patrão.

enquanto o operário

se alimenta

com barro e pó.

o patrão usurário

enche o bucho

a lagosta e pão-de-ló.

dizer sim

a tudo o que

quer o patrão

é sua sina.

sem nunca

poder dizer não

aos que lhe

negam o pão.

e tijolo

após tijolo,

o operário prossegue

a sua construção.

lutando por

permanecer de pé,

pegando a vida

pelos cornos.

até que pelas costas,

um tiro lhe dão.

e porque deixa,

de tijolos fazer,

oferecem-lhe

como prémio

um espaço

entre meia dúzia

de tábuas.

dão-lhe enfim

descanso!

deixa de ser

escravo,

porque hirto,

gélido

e sem qualquer

préstimo

para tijolos fazer.

agora,

resta-lhe aguardar

pelo patrão

numa terra onde,

(porque iguais são)

lado a lado

ficarão eternamente

a fazer…tijolo.

eduardo roseira

1/Maio/ 2001

VNGaia



2 comentários:

Branca disse...

Belísimo este poema de Viniciús, que de resto escreveu o longo e célebre "Operário em construção", que me deliciava a ler na juventude, muito dentro do estilo deste, que não conhecia.
Gostei do eco desta mensagem.
Um abraço.

Eduardo Roseira disse...

Este não o conhecias como do Grande Vinicius, porque se leres melhor, é do pequeno eduardo roseira, que o escreveu em homenagem ao Grande Poeta Brasileiro e ao seu "Operário em construção"