Venham + 5

Pesquisar neste blogue

sábado, 26 de fevereiro de 2011

APENAS DE FUGIDA


                                   


                                   Gostava que me contassem a
A história da minha vida
Que me dissessem
Se me conhecem por bem
Ou apenas de fugida
Gostava que me dissessem
Se alguém me viu crescer
E se acaso alguém pudesse
Que me dissesse
Aonde é que irei morrer
Tem outras coisas que às vezes
Eu gostava de saber
Tem tantas coisas e loisas
Que gostava de entender
Mas será que alguém conhece
Nem que seja de fugida
E que para mim o dissesse
Se o estar na vida é que é vida
Ou se é apenas um degredo
Eu gostava de saber
É que às vezes tenho medo
De nunca saber viver
Pois se acaso entendesse
Nem que fosse de fugida
E houvesse alguém que dissesse
Como é ser feliz na vida

Charles Sotam
Imagem: sapo.pt

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

POEMAS D’ “a colheita íntima” SELECIONADOS PARA ANTOLOGIA COMEMORATIVA DOS 50 ANOS DA GUERRA COLONIAL


A convite do CES – Centro de Estudos Sociais, da Universidade de Coimbra, os poemas “Lá Longe” e “Na Cubata”, publicados no livro “a colheita íntima” de eduardo roseira, pela editorial lavra…, em 2003, foram selecionados para integrar a “Antologia Poética da Guerra Colonial” organizada pela Prof.ª Dr.ª Margarida Calafate Ribeiro e pelo Prof. Dr. Roberto Vecchi, integrado no projecto de investigação “Poesia da Guerra Colonial: uma ontologia do ‘eu’ estilhaçado”, que teve lugar no CES da UC, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia e do Ministério da Defesa Nacional, que irá ser publicada sob a chancela da editora Afrontamento.

Ao longo deste projecto foi feita uma vasta recolha de material poético relativo à Guerra Colonial da qual resultou um conjunto de textos de um leque muito variado de autores, e de grande valor para a construção de uma antologia.
Os autores e promotores deste projecto pretendem que esta antologia seja uma forma de assinalar os 50 anos do início da Guerra Colonial.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

LEILÃO DA LATA

  a Ana Briz

 

“O lixo é o riso dos mortos”,

in  Em Memória, Pedro Mexia.


I

Bairros da lata      vão acabar
e a bambochata      vai começar
      vão ladrar os gatos      miar os cães
      que mais valem cacos      que três vinténs

da velha lata      que já não presta
quem a arremata      faz uma festa
      carrossel da feira      prà mocidade      
      viva a chinfrineira      por caridade

panelas tachos      tachos panelas
fêmeas e machos      eles e elas
      vão jogar na rifa      do bailarico
      uma chafarica      num prédio rico

leilão da lata      famintos fartos
dizem da caca      cobras lagartos
      vem o leiloeiro      vende as barracas
      com todo o recheio      pulgas baratas


... vende com a droga do lavado lixo
o vício que engorda um homem num bicho
melga parasita quanto ela mais come
mais sede mais fome mais sangue o excita


                         II


Bairros da lata      vão acabar
e a bambochata      vai começar
      vão voar as ratas      do barracão
      presas pelas patas      dum gavião

leilão da lata       rende o casebre
até a gata      passa por lebre
      rei da compra-e-venda      do pardieiro
      faz uma vivenda      faz mais dinheiro






tão velha a lata      do charlatão
aristocrata      quer promoção
      chapa guarda-vento      ou guarda-lama
      arte movimento      carro de fama

leilão da caca      homens farrapos
montam sucata……‘montoam trapos
      anda cangalheiro      rasa o barraco
      saqueia o chiqueiro      saco por saco

... vende com a droga do lavado lixo
o vício que engorda um homem num bicho
melga parasita quanto ela mais come
mais sede mais fome mais sangue o excita


                       III


Leilão da lata      vai terminar
quando a barraca      for pelo ar
      pulam pelas matas      gatos e cães
      rastejam de gatas      filhos-das-mães

leilão da caca      vai terminar
coa velha lata      pra a reciclar
      morre o leiloeiro      e um cão polícia
      lambe-lhe o dinheiro      numa carícia

... bairros da lata      leilões da caca
e esta cantata      toada chata
      feita bambochata      dum festival
      têm de acabar      é a hora exacta

      ponto final.

Fernando Pinto Ribeiro - (Guarda-1928/Lisboa-2009) 
In: Antologia “Poetas de Sempre”
      Ed. Cidade Berço, Guimarães, 2005    


http://fernandopintoribeiro.no.comunidades.net/index.php


 Imagem: sapo.pt

CONFISSÃO AOS MEUS AMIGOS




Não penseis ingratidão a minha ausência.
O telefonema que não fiz e o que não quis atender.
As cartas que já nem sei.
Os desabafos que não ouvi.
Até o e-mail que não (re)enviei.
Não leveis a mal o ter recusado ir ao ansiado
(re)encontro…mas mais uma vez adiado.
…………………..

Modéstia à parte, considero-me um bom ouvinte,
mas confesso-me um ingrato, por ser um mau
desabafa-DOR.
Concerteza, que dos meus pecados, sou um
egoísta guarda-DOR.
Mas, sempre soube lidar bem com os maus momentos
e passar ao lado dos muros, que outros tentam saltar…
sem conseguir…(ai, que já estou a desviar-me para
campos que não quero – o desabafo…)
Vocês sabem que não sou de formalidades,
que detesto gravatinhas, não sou de festas de aniversários,
casamentos, baptizados e outras que tais e tais…
daí (tacitamente) estar isento da minha presença em funerais.
Contudo, vocês também sabem que adoro conviver, sublinho conviver,
e não digo convívios (os formais), especialmente conviver com um
bom tinto e o respectivo petisco, na companhia dos meus amigos
e os demais de ocasião, na companhia da minha eterna amante: a Poesia.
Tudo sem hora marcada para começo e final, e com a presença constante
de uns sorrisos, que para mim são o que de mais importante existe na vida.
……………………….

De vós (todos) agradeço e tenho a permanente lembrança, do que sei
e aprendi nas conversas que atentamente escutei…
(apesar de falar pelos cotovelos)…
………………………..

…que de mim permaneçam nas vossas recordações
os meus sorrisos e as, bem à moda do Porto,
caralhadas com que apimento e iludo a vida.
Apenas vos sugiro o meu lema:

- A melhor forma de saborear e colorir a vida
é vivê-la a sorrir.

Abraço forte,

Eduardo Roseira
VNGaia – 20/02/2011(nos meus 60 anos)

Post Scriptum: Grato a todos vós pela amizade e continuemos todos a sorrir enquanto pudermos.


Imagem: Fotografia tirada pelo meu filho José Mário

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

MAIS...


À Maria José, minha Esposa e eterna Namorada!


prender-te
não sei
nem quero!
mas crê
que por ti
o meu amor
é sincero!

diz-me:
que posso mais
eu fazer?
se para mim
as nuvens
os pardais
a espuma do mar,
preenchem também
a minha forma de amar!...

pode o meu
amor por ti
tornar todo o mais…
- o sol
- o canto das aves
- os sorrisos
coisas inúteis
banais?

sei que
não é normal
amar coisas
leves
e imagens breves…
…e que
nem tudo
pode valer ouro
mas crê
amor
crê
tu és o meu maior
tesouro!

crê
simplesmente
crê
que tu és
de todo o mais 
o meu mais!!!

eduardo roseira

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

http://bombabandonada.blogspot.com/2011/02/portugal-tantos-de-tal.html

Novos conteúdos no blog BOMbAbandoNADA. Desde já grato pelas visitas, pelas leituras e comentários.

14 DE FEVEREIRO

No dia dos Namorados
Triste e longo que nem sei
Só à noite, enlaçados
Em sonhos, eu te beijei

No dia dos Namorados
A catorze deste mês
Será que virão Amados?
Será sim? Não? Ou talvez?...

Tanto ano decorrido
E eu sem nenhum namorado
Meu coração sangra, ferido
Quem sabe, este ano? - Obrigado!...

Manuela Oracy - Lisboa

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

OUTRO SONETO DO CADERNO DE KARLA


OUTRO SONETO DO CADERNO DE KARLA
               para karla bardanza, poeta e minha mulher.

quando te ponho na cama de bruço
depois de olhar teus olhos de princesa
e de vez espanto toda a tristeza
e vai-me toda a dor no teu soluço

sou menino de novo a cada orgasmo
amo-te tanto...perco a minha vida
nesta paixão tão cega e desmedida
e sem querer assim me vejo pasmo

esqueço as tropelias do caminho
desta vida minha tão desregrada
porque te vejo rosa nunca espinho

mulher amante mãe e namorada
e eu que era tão louco e tão sozinho
ponho-me a teus pés ó doce amada

___________________
Poema de: júlio saraiva,(S. Paulo/Brasil) 4-02-2011
Voz de: eduardo roseira 
Imagem de: Lenço de Namorado, colecção de eduardo roseira

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

E DEPOIS...



junto ao cabedelo
aponto o olhar
rumo ao sul
e sigo com a maré
rumo ao Índico
lá no sul
onde deixei
áfrica sonho…

sigo na crista
de uma onda
abraçado à espuma
deste mar
que deixo minhas
ideias guiar
e sinto a vida
no antes
e no depois…

…e depois?
- interrogo-me:
que importa
que uma onda vá
e a outra fique
se tudo o que me resta
é uma única certeza…

estaremos sempre os dois
na paz e na tua beleza
juntos, eu e tu
minha moçambique!...

eduardo roseira
    7-fev-2011
      VNGaia

Foto: Lourenço Marques, actual Maputo, tirada por meu pai, Eduardo Roseira, em 1963