A
Vinícius de Moraes
feito besta
a dar cabo do coirão.
tijolo em cima
de tijolo
constrói mais em prédio
para o patrão.
enquanto o operário
se alimenta
com barro e pó.
o patrão usurário
enche o bucho
a lagosta e pão-de-ló.
dizer sim
a tudo o que
quer o patrão
é sua sina.
sem nunca
poder dizer não
aos que lhe
negam o pão.
e tijolo
após tijolo,
o operário prossegue
a sua construção.
lutando por
permanecer de pé,
pegando a vida
pelos cornos.
até que pelas costas,
um tiro lhe dão.
de tijolos fazer,
oferecem-lhe
como prémio
um espaço
entre meia dúzia
de tábuas.
dão-lhe enfim
descanso!
deixa de ser
escravo,
porque hirto,
gélido
e sem qualquer
préstimo
para tijolos fazer.
agora,
resta-lhe aguardar
pelo patrão
numa terra onde,
(porque iguais são)
lado a lado
ficarão eternamente
a fazer…tijolo.
eduardo roseira
1/Maio/ 2001
VNGaia
2 comentários:
Belísimo este poema de Viniciús, que de resto escreveu o longo e célebre "Operário em construção", que me deliciava a ler na juventude, muito dentro do estilo deste, que não conhecia.
Gostei do eco desta mensagem.
Um abraço.
Este não o conhecias como do Grande Vinicius, porque se leres melhor, é do pequeno eduardo roseira, que o escreveu em homenagem ao Grande Poeta Brasileiro e ao seu "Operário em construção"
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