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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009


No passado dia 20 de Fevereiro de 2009, morria aos 80 anos, o Amigo e Poeta Fernando Pinto Ribeiro.

O nosso Pátio presta-lhe uma singela homenagem publicando um poema da sua autoria e um poema de eduardo roseira, publicado no livro “o sorriso de deus”, e dedicado a Fernando Pinto Ribeiro.

Fica aqui a informação, de que o “lavra…Boletim de Poesia”, elaborou na internet, um espaço dedicado unicamente ao Homem e Poeta Fernando Pinto Ribeiro, realçando a sua dedicada ligação àquele projecto cultural, literário e editorial, bem assim como possa ser um "lugar da sua poesia. Esse espaço pode ser visitado em: fernandopintoribeiro.no.comunidades.net
UM POEMA DE Fernando Pinto Ribeiro




SALMO

a João Bigotte Chorão.

Estou morto.
Mas a vida
lambe a minha pele em labaredas.
Sou noite.
Mas o dia
põe-me nos lábios papoilas
e coroa-me de espigas o cabelo.
Ceguei.
Mas a luz
vem poisar-me sobre as pálpebras
outras tantas borboletas inquietas.
Não oiço.
Mas o eco do silêncio
canta o hino imenso que eu não posso.
Não respiro.
Mas aspiro o alento
da maresia no vento.
Não sinto.
Mas pressinto: a minha alma arde
e uma chaga floriu na minha carne.
Não choro.
Mas tremem estrelas cadentes
nas lágrimas pendentes que sustenho.
Não canto.
Mas sopro nuvens
no pó que levanto.
Não ando.
Mas todo o meu espírito
vadia sem folga nem descanso.
Não durmo.
Hiberno: verme esvurmo limo e lama
no fosso em que me enfurno
aninho e faço a cama.
Não amo.
Sobre a seta quebrada no meu peito
raiva uma fonte de sangue
a incendiar a sede a incinerar a fome
dos homens dos bichos das florestas.
Não sonho.
Mas a fé
faz da esperança e da saudade
sentinelas do sepulcro
onde vivo o meu coração jaz
pisado por cavalos em tumulto.
Estou morto.
Mas o sol explode
a luz esplende
em plena primavera
neste corpo
que me prende
e me suspende
absorto.

Fernando Pinto Ribeiro

Um poema de eduardo roseira:

FADO NOSSO…NOSSO FADO…

a Fernando Pinto Ribeiro



fado nosso…
nosso fado…

triste sina
deste canto.
por vezes alegria
sorriso
encanto,
outras ironia
castigo
e pranto.

fado nosso…
nosso fado…
triste sina
com desdém.
dores alheias
muito nossas
nossas teias
sem ninguém.

fado nosso…
nosso fado…
triste sina
deste canto.
que cantando
destino
e morte
vai rimando
pena
com sorte.

fado nosso…
nosso fado…
triste rima
mar vazio.
vida que canto
e choro
mesmo até
quando me rio.


eduardo roseira
In: osorrisodedeus.blogspot.com

Nota:

Fotografia de Carlos Matos Cunha/lavra...

Ex-Libris de Fernando Pinto Ribeiro, desenhado por J. Leitão Batista/lavra...

1 comentário:

DM disse...

REQUIEM


[...]
« - e como dói o frio que incendeia/as estrelas cadentes da alegria;»
[...]

Domingos da Mota