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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

NÃO GOSTO DO PAI NATAL




Não gosto do Pai Natal


porque a mim já não me ilude:

todas as prendas que traz

dão-me cabo da saúde.



Traz no saco, que carrega,

cada vez mais sofrimento

e deixa-me logo «à pega»

baixando-me o vencimento.



Com discursatas perversas,

mil ilusões repartidas

enche o saco de promessas

que nunca serão cumpridas.



Eu não quero dizer mal

mas temos gostos opostos:

peço prendas plo Natal

e ele dá-me mais impostos.



E mal entra o Ano Novo

logo me cheira e pressinto

que eu, que pertenço ao Povo,

vou ter de apertar o cinto.



Sobe a água, sobe a luz,

e os aumentos são bem fortes

e, para aumentar a cruz

sobem também os transportes.



É pior de cada vez

que olho esse velho gaiteiro:

Já sei que vai sobrar mês

quando acabar o dinheiro.



No País em que vivemos

(somos quase 10 milhões)

Ali-Babás... poucos temos,

mas temos muitos ladrões.



Por isso é que não me ilude

este velhote atrevido:

Pai Natal é Robin Hood,

mas Robin Hood ... invertido.



Fernando Peixoto

(imagem: sapo.pt)

1 comentário:

Chave da Poesia disse...

Caro Roseira, obrigada pela partilha deste post. Foi um prazer conhecer o teu blog. Deixo aqui o convite para uma visita ao ChavedaPoesia onde também está este poema de Fernando Peixoto, postado salvo erro, em 2007.
Com os melhores votos de Feliz Natal,
Sylvia Cohin