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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O "CALDO" ENTORNADO



Tomando à letra o velho, mas sempre actual lema:

- “Mais vale um gosto na vida, do que alguns tostões na algibeira.” – Juntei os trocos e não fazendo contas à dita, não fosse arrepender-me, resolvi pegar na “patroa” e fazer o que de há muito nos esquecia, ou seja, ir deitar o ano fora, num dos muitos “reveillons” que se realizou na vizinha e orgulhosamente chamada Porto - Cidade Património Mundial.

Como é hábito nestas ocasiões, animação é coisa que não falta e há até, os que, devido a um “grão, a mais, na asa”, sobressaem dos outros. Motivo que não foi o de um certo “senhor” de cabelos grisalhos, aparentando cinquenta e poucos anos, vestido com fato de bom corte, acompanhado da esposa e de dois filhos, que estavam numa mesa próxima da minha. “Senhor” esse, ao qual vou chamar de a partir de agora, de Azevedo.

Azevedo, que desde que chegou ao baile, nada de alcoólico bebeu, ressalve-se, mas sobressaía sem grandes euforias, pela sua vivacidade e alegria, no que era acompanhado pela sua risonha esposa e pelos filhos.

Era, à primeira vista o protótipo da pessoa sem problemas e daqueles de quem dizemos:

“- Corre-te bem a vida!”

Dava mesmo gosto de ver. Metia inveja a sua alegria contagiante, e até pelo facto de sermos aproximadamente da mesma idade, disse para mim próprio e para a minha mulher: “- Gostava de ser como ele, sempre assim tão divertido!”

Com o decorrer da festa, já 2010 tinha algumas horas, e com o acumular de líquidos, a minha bexiga resolveu dar sinais de si e pedir para funcionar pela primeira vez neste jovem ano.

Fiz-lhe a vontade, que remédio...e ao entrar nos lavabos, empurrei a porta entreaberta de um dos “reservados” e...- ”Raio” de pontaria a minha!... – gritei para mim mesmo. Ficando de tal forma...com o que vi, que até perdi a vontade fosse para que “necessidade” fosse, com a surpresa e enorme decepção que apanhei!

Não por ser a primeira vez, que infelizmente, deparava com igual cenário, mas sim por ver o meu “ídolo” (?), deste baile de fim de ano a “entornar o caldo”!...

De joelhos, com as mãos sobre a sanita, estava, nem mais nem menos, o Azevedo a preparar o “caldo” para injectar nova dose de energias de alegria?!?!?!

Alegria contagiante, mas camuflada, por ser falsa!

- Porquê Azevedo? Desiludiste-me, pá!...

... e afinal, quantos Azevedos por aí andam a desiludir-nos, enganando-se a si próprios com falsas alegrias...



eduardo roseira

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